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A ilusão como sabotagem silenciosa

Vivemos num tempo em que o ser humano acredita saber muito — sobre o universo, sobre tecnologia, sobre os outros. Mas segue perdido sobre si mesmo. E é aí que a ilusão entra: como um curto-circuito dos sentidos que distorce a realidade e desorganiza a vida afetiva, profissional, familiar e relacional como um todo.

A ilusão não nasce de fora. Ela brota de dentro. É a mente projetando para o mundo uma necessidade interna — um desejo, um medo, uma ausência — e tomando isso como verdade objetiva. A realidade, então, passa a ser percebida não como ela é, mas como se gostaria ou se teme que ela fosse. Isso, inevitavelmente, leva à frustração, à decepção e à sensação de estar perdido.

A raiz desse fenômeno é simples, ainda que profunda: falta de autoconhecimento. Falta de educação emocional. O ser humano viaja até a Lua, investiga vida extraterrestre, cria máquinas que pensam — mas não tem coragem de olhar para dentro. E é dentro que estão as respostas que ele mais precisa.

Como costumo dizer, a ilusão é como um truque de mágica. Um ilusionista entra no palco com um elefante, cobre com um pano, e ao tirar — o elefante sumiu. As pessoas aplaudem, encantadas. Mas não houve mágica: foi um jogo de espelhos, um truque com os sentidos. É isso que acontece quando alguém tomado pela saudade vê sinais do ente querido que se foi. Ou quando, com medo, escuta um som qualquer e acredita que está sendo invadido. A mente fabrica uma narrativa para preencher um vazio interno. E assim se perde da realidade.

Como aponta o Dr. Jordan Peterson, sem responsabilidade pessoal e clareza interior, ficamos à mercê dessas ilusões. E como reforço eu mesmo, Dr. João Borzino, reconhecer esse jogo é o primeiro passo pra sair dele. Só se liberta da ilusão quem tem coragem de encarar a própria verdade.

E você? Quantas vezes achou que estava vendo a realidade, quando na verdade só estava projetando seus próprios medos, carências ou desejos?