Uma vez, ouvi de uma paciente algo que me marcou profundamente: “Dra., parece que estou perdendo minha saúde.” O que suas palavras traduziam não era apenas uma questão biológica, mas uma perda de vitalidade, de brilho, de identidade.
Isso me fez refletir. Quando entrei precocemente na menopausa, fui surpreendida por um turbilhão de sintomas. Meu cabelo caía, minha energia desaparecia, meu rosto parecia derreter diante do espelho. Minhas amigas me chamavam para sair, e eu, inconscientemente, me escondia. Escondia-me da vida, do mundo, de mim mesma. O medo e a procrastinação tomaram conta de alguém que sempre foi destemida. E, sem perceber, passei a deixar tudo e todos passarem na minha frente—menos eu mesma.
Hoje, compreendo que desejo para as mulheres o que minha avó tentava me ensinar quando, impaciente, eu não dava ouvidos. “Minha neta, se eu pudesse abrir sua cabeça e colocar lá dentro o que sei, eu faria. Mas como não posso, só me resta repetir todos os dias e rezar para que você absorva.”
E é assim que me sinto ao atender cada paciente. Quero dizer: previna-se, pense diferente, domine sua mente antes que ela te domine. Cuide do seu coração, porque ele é onde moram suas emoções. E são elas que, se não preservadas, podem nos destruir.
Mas, voltando ao processo de envelhecimento… Quantas vezes ouvimos (ou dizemos) frases como: “Tudo bem ficar sem cabelo, depois eu vejo.” “Tudo bem ficar flácida, depois eu resolvo.” Mas quando esse “depois” chega, e o espelho nos mostra uma realidade que nos dói, percebemos que subestimamos o impacto.
A dor do arrependimento é sempre maior que a dor da prevenção. Se eu soubesse, teria cuidado mais de mim.
E essa dor, que tantos consideram fútil, não é. Isso é a vida. Somos a soma de cada célula, de cada detalhe refletido no espelho. A vida precisa ser colorida, vibrante—e não cinza. Não somos descartáveis. O que amadurece deveria ter mais valor, pois levou tempo para chegar ali.
O Projeto de Inclusão: Porque Sofrer Não Deve Ser a Regra
Recentemente, criei um projeto de inclusão. E sabe o que me motivou? A constatação de que as pessoas não imaginam a transição silenciosa e dolorosa entre precisar de um absorvente para um escape de urina e, um dia, se ver diante da necessidade de uma fralda.
Ou o peso invisível de evitar relações por vergonha, dor ou desconforto.
Mas como isso não é algo visível, muitas não veem como prioridade. Algumas aceitam com resignação, como se fosse um preço inevitável do envelhecimento. Mas será que precisa ser assim?
Se a vida evolui com a tecnologia, por que não podemos evoluir também na forma como envelhecemos?
Criei um projeto para tornar tratamentos como o laser mais acessíveis. Mas o que me entristece é perceber que, para muitas, cuidar de si nunca é uma prioridade.
Deus nos deu corpos incrivelmente adaptáveis—e, por isso, aprendemos a sobreviver mesmo pagando altos preços. Nos adaptamos a não nos olharmos mais no espelho, a não nos sentirmos amadas, a aceitar o apagamento da nossa própria beleza.
Mas será que foi para isso que Ele nos deu essa capacidade? Ou será que apenas nos cansamos de lutar por nós mesmas?
Um Novo Normal é Possível
Talvez seja hora de refletirmos, de nos planejarmos e de acreditarmos que merecemos mais. Que podemos viver um novo normal.
Mas para isso, o mundo precisa de mais vozes de apoio—e menos julgamentos de quem nunca viveu essa dor.
E você? Vai esperar o “depois” chegar para perceber que deveria ter começado hoje?
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