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Governança Cooperativa e a COP30: Oportunidade para a Evolução da Economia do Pará

No coração da Amazônia, o Pará se encontra em um dilema histórico entre preservar sua exuberância natural e fomentar um desenvolvimento econômico sustentável. Entre seus pilares econômicos, pequenos agricultores e cooperativas representam um Brasil que trabalha com as mãos na terra, que conhece o ciclo das águas, que entende o valor da floresta em pé e que se esforça para prosperar em um ambiente desafiador. No entanto, a falta de governança estruturada nessas organizações frequentemente as impede de alcançar seu verdadeiro potencial.

A governança cooperativa, muitas vezes ignorada nas pequenas organizações, é a ponte entre a informalidade e a sustentabilidade, entre a subsistência e a prosperidade. Sem ela, o pequeno agricultor paraense pode permanecer refém da desorganização de cadeias produtivas, da ausência de transparência na gestão e da vulnerabilidade econômica que o impede de crescer e competir. Ao contrário, uma cooperativa bem estruturada, com boas práticas de governança, pode transformar a realidade de comunidades inteiras, garantindo acesso a crédito, mercados justos, capacitação e inovação tecnológica.

Agora, o Pará está prestes a sediar a COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, e com isso, uma janela de oportunidades se abre para essas pequenas empresas e cooperativas. Mas essa oportunidade só será bem aproveitada se houver um esforço genuíno para estruturar a governança desses negócios. O mundo estará olhando para o Pará, e não há melhor momento para demonstrar que o estado pode ser referência em desenvolvimento sustentável, articulado e bem gerido.

A governança é a espinha dorsal de qualquer organização que deseja crescer de maneira sustentável. Em um estado com vastos recursos naturais, a governança nas cooperativas agrícolas e em pequenos empreendimentos é um fator decisivo para o sucesso ou estagnação econômica.

Tomada de Decisão Transparente: Pequenos agricultores e cooperados precisam ter clareza sobre suas finanças, investimentos e estratégias de mercado. 

Responsabilidade e Prestação de Contas: A ausência de processos bem definidos leva à desconfiança e ao enfraquecimento das iniciativas coletivas.

Sustentabilidade e Visão de Longo Prazo: O manejo sustentável dos recursos naturais, aliado a uma visão de mercado, pode transformar pequenos negócios em grandes players da bioeconomia.

No Pará, as cooperativas agroextrativistas, que lidam com produtos como cacau, açaí, castanha-do-pará e borracha, têm o potencial de impulsionar a economia local e competir em mercados globais. No entanto, sem governança e gestão adequadas, essas iniciativas perdem competitividade e permanecem dependentes de intermediários que lucram mais do que os próprios produtores.

A COP30, ao ser realizada em Belém, coloca o Pará no centro das discussões globais sobre meio ambiente, economia verde e transição energética. Para os pequenos negócios e cooperativas, esse evento pode representar:

Acesso a novos investimentos e financiamento verde:Governos e fundos internacionais estarão olhando para projetos sustentáveis que possam ser escalados.

Oportunidade de exportação e visibilidade internacional:Produtos da floresta podem se tornar referência global de economia sustentável, desde que seus produtores estejam organizados e aptos a atender a demanda.

Transferência de tecnologia e inovação: Modelos de governança e gestão sustentável serão apresentados, permitindo que pequenas empresas se modernizem e aumentem sua eficiência. 

A COP30 pode ser um divisor de águas para o Pará, mas para isso, as lideranças locais, empresários e agricultores precisam estar preparados para captar e administrar os recursos que esse evento pode trazer. E isso só será possível com estruturas de governança bem definidas.

A presença de líderes globais, investidores e empresas multinacionais no estado deve gerar um ciclo virtuoso de crescimento. Entre os principais impactos, podemos destacar:

Desenvolvimento da Infraestrutura Local: O evento exigirá melhorias urbanas, ampliando a capacidade hoteleira, aeroportuária e logística, que beneficiarão a economia regional no longo prazo.

Aumento do Emprego e Qualificação Profissional: Setores como turismo, serviços e agricultura sustentável terão um impulso, abrindo novas oportunidades para trabalhadores locais.

Expansão da Economia Verde: A bioeconomia pode se fortalecer, colocando produtos paraenses em destaque no mercado global e valorizando práticas sustentáveis de produção.

Conscientização e Fortalecimento da Governança: Com o evento, o tema da governança, da transparência e da gestão eficiente ganha evidência, incentivando mudanças estruturais em cooperativas, empresas e até no setor público.

Se a governança for vista apenas como um conjunto de regras burocráticas, perderemos a grande oportunidade de transformar o Pará em um exemplo de crescimento sustentável. Governança é sobre clareza, eficiência e compromisso com o futuro. Pequenos empresários e cooperativas não devem ver esse conceito como algo distante, mas como a chave para sua longevidade e sucesso.

A COP30 é uma chance de ouro para que o estado do Pará mostre ao mundo que desenvolvimento e conservação podem andar juntos. Para isso, é essencial preparar o setor produtivo, fortalecer suas cadeias de valor e garantir que a governança seja um pilar central nessa evolução.

Se bem aproveitada, a COP30 será lembrada como o momento em que o Pará deu um passo decisivo para se consolidar como uma potência sustentável, onde pequenas empresas e cooperativas florescem com autonomia, gestão eficiente e conexão com o mercado global. Agora, mais do que nunca, é a hora de agir.